O nome foi uma homenagem do pai à famosa personagem Dulcinea, amada do cavaleiro andante Dom Quixote, do famoso romance de Miguel de Cervantes. Mas há muito tempo que Dulcinéa Ribeiro é conhecida por todos como Dona Duda Ribeiro.
Nascida no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, mas criada na Lapa paulistana, Dona Duda veio para a terra da garoa ainda bebê. Filha de dona Anita e de seu Claudio Ribeiro, o samba sempre fez parte de sua vida. “Minha mãe foi uma pastora e meu pai fazia parte das rodas de compositores…
Se falasse Claudio Bengalinha, da Barra Funda, todo mundo já sabia quem era”, conta, com orgulho. A menina que ouvia a mãe cantando Dolores Duran e o pai tocando as músicas de Dorival Caymmi, Noel Rosa e Pixinguinha fez sua primeira participação em um programa de rádio aos seis anos de idade, cantando música de Lupicínio Rodrigues. Apesar de saber desde muito cedo que seu caminho na vida seria percorrido através da música, Dona Duda também sempre fez ações voltadas para a comunidade. “Eu sempre me envolvi nessas coisas com muita tristeza e alegria, ao mesmo tempo. Porque a maior tristeza é quando você não consegue ser objetiva e não tem apoio.” E assim ela vem unindo a música ao trabalho social.
Diretora de alas de escolas de samba, diretora de shows e diretora de comunicação, Dona Duda é a cara da versatilidade, mas sua paixão mesmo é dividida entre a sala de aula e o palco. Professora de Educação Musical, Dona Duda completa, em 2015, 40 anos de carreira artística. Sobre a vida nos palcos ela diz que o importante é ver a músicaser um bálsamo na vida das pessoas.
“Eu canto porque gosto. Eu canto porque o canto é aquilo que embala a alma”, poetiza. Dona Duda conheceu o carnaval e o universo das escolas de samba através de Geraldo Filme, que a chamava de Diamante Negro e a levou para a Vai-Vai. Anos depois, trocou a Vai-Vai pela Camisa Verde. Apesar disso, faz questão de registrar: “Eu jamais vou esquecer onde foi meu primeiro berço do carnaval. Foi dentro da Vai-Vai, onde até hoje eu tenho grandes amigos. Sou muito grata por essa passagem maravilhosa que eu tive dentro da Vai-Vai, no Bixiga”, afirma. Sobre racismo e preconceito no samba e na vida, Dona Duda é categórica. “Ainda tem muito a acontecer. Eu faço parte dessa resistência… Consciência negra para mim é um momento de reflexão de todos os povos. Inclusive do meu, do povo negro, que tem que pensar e agir muito mais.”